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Somos uma organização da sociedade civil, criada em 1986, que atua a partir do tripé Informação e Educação, Incidência sobre os centros de poder e Inovações na práxis do Desenvolvimento e da Democracia. Construímos nessa trajetória de três décadas importantes relatórios, balanços, pesquisas e demais trabalhos em prol de críticas e “políticas alternativas” para a economia do mundo, da América do Sul, do Brasil e do Rio de Janeiro, onde estamos sediados.

Alguns desses documentos representam significativos marcos no campo do conhecimento em que se inserem, como os estudos sobre economia solidária, dívida e economia feminista e os estudos de caso sobre os impactos dos megaprojetos nas economias e modos de vida dos países do sul, por exemplo.

O desafio de difundir os grandes temas da economia, palavra cuja origem grega remete à ideia de “gestão da casa”, faz parte da nossa história e ainda hoje é o guia da nossa atuação.

Acreditamos que a emancipação para uma civilização qualitativamente superior passa necessariamente pela difusão do pensamento crítico, divulgado ao maior número de pessoas possíveis. Como nos ensinou o sindicalista e comunicador popular Vito Giannotti, a compreensão dos mecanismos que determinam a opressão e a injustiça social passam pela necessidade de se comunicar bem, de aliar teoria e prática.

A iniciativa desta Biblioteca Virtual busca, portanto, atingir esse objetivo: a educação popular como caminho de difusão de informação e de transformação da realidade.

Esperamos que ela seja útil a pesquisadores e pesquisadoras, integrantes de movimentos e organizações sociais e ao público em geral curioso pelas travessias do conhecimento para a construção de uma nova realidade.

Boa pesquisa e boa leitura!

Por que uma biblioteca com o nome de Berta Cáceres?

Berta Cáceres, ou Bertita, como era chamada carinhosamente, foi uma lutadora feminista, revolucionária do povo indígena Lenca, em Honduras. A voz de Berta ecoou as vozes dos povos que resistem à destruição capitalista na defesa de seus territórios e das águas.

Bertita vivenciava e denunciava os retrocessos na garantia de direitos frente ao avanço da direita e seus projetos de morte na América Latina: grandes corporações transnacionais adentrando a cada dia por este solo sagrado, com a anuência dos Estados, expropriando vidas e sonhos. Corajosamente, gritou aos quatro ventos a relação entre a ofensiva extrativista com a crescente militarização dos territórios em Abya Yala, denominação que os povos originários deram ao nosso continente antes da invasão ibérica.

O grito de Berta nos alertava sempre que a violência que move a militarização nos territórios é também sexista e racista. E que a luta anticapitalista deve ser antipatriarcal, antirracista e anti-imperialista.

Firme na resistência ao golpe de Estado em Honduras, em 2009, Berta e os movimentos de base de quais participava denunciaram na resistência ao golpe de Estado em Honduras, em 2009, Berta denunciou a mão imperialista dos Estados Unidos e o avanço da militarização por toda região. No contexto pós-golpe fez denúncias sistemáticas sobre o avanço das diversas violações de direitos humanos, da criminalização dos movimentos populares, como sua organização, o Consejo Cívico de Organizaciones Populares e Indígenas de Honduras (COPINH); e, tragicamente, das violências políticas e extermínio de lutadores/as populares e ambientalistas, como o feminicídio político que ceifou sua vida. Berta foi assassinada no dia 3 de março de 2016, em sua casa, em La Esperanza. Lugar onde tantas outras Bertas são assassinadas todos os dias.

Berta foi e será, sempre, uma referência para todas e todos que lutam por uma América Latina livre e soberana. Luta que revela o árduo caminho a ser percorrido pelos nossos povos, pois a cada dia se aprofunda um cenário desolador de exploração e apropriação de nossos trabalhos, corpos e vidas, além de recursos e bens comuns.

Por todos os rincones do continente avança a renovada ofensiva de acumulação de capital e poder, com a imbricação entre poderosos atores corporativos e os Estados e um conservadorismo regressivo.

Lembrar Berta e sua luta é lembrar a mulher que ela era, e será em todas nós. É, acima de tudo, ressaltar que frente aos megaprojetos de morte, que avançam a cada dia sobre os territórios, levantam-se povos e comunidades em luta, espaços em que as mulheres desempenham um papel de protagonistas.

Homenageamos essa grande lutadora como expressão das histórias de tantas mulheres que lutam cotidianamente por uma vida com liberdade e autonomia. Aprendemos com Berta uma pedagogia rebelde de luta. Seguiremos multiplicando e cultivando suas sementes por toda América Latina.

Berta Vive! COPINH segue!

Para conhecer mais sobre a biografia de Berta e a luta do COPINH, visite:

http://bertacaceres.org/

http://copinhonduras.blogspot.com.br/